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Celebrou-se ontem os 20 anos sobre a estreia do mítico álbum dos Nirvana MTV Unplugged In New York . É talvez um dos álbuns mais marcantes da geração que viveu a sua juventude nos anos 90, e o disco que faltava na carreira da banda de Kurt Cobain.
Os Nirvana foram uma das bandas mais geniais desta década, tendo transformado o som underground em mainstream. O grunge tornou-se, então, num dos estilos musicais mais populares entre as camadas mais jovens, não só pela sonoridade da música, mas sobretudo pelas letras. Os versos sobre angústia e sofrimento encaixavam perfeitamente na vida dos que cresciam sob o rótulo de geração rasca. 
Mas neste registo, gravado sob o formatos de CD e de vídeo, os Nirvana conferem uma nova roupagem às suas músicas, em que o som mais clean, bem afastados dos riffs de guitarra, faz sobressair a voz tão característica de Cobain. Alguns meses depois colocou um ponto final na sua vida, mas antes deixou-nos esta importante colecção de temas num lugar tão distante de onde tudo começou, com um som tão distinto da banda de garagem que colocou os Nirvana no mapa.

Para ouvir e recordar aqui fica o vídeo completo de Nirvana MTV Unplugged In New York .


 
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Mesmo a terminar o ano começam a surgir os primeiros nomes dos cartazes dos principais festivais de Verão. O Rock in Rio Lisboa regressa este ano e promete ser, talvez, o festival mais ecléctico, dirigido aos fãs de todo os tipos de música. O festival da família, como indica a organização, mas será um formato vencedor? Não acredito que quem irá ver Arcade Fire, tenha como plano assistir a um concerto de Justin Timberlake ou de Robbie Williams. 
Do lado mais ocidental da cidade, o Optimus Alive realiza-se, como sempre, no Passeio Marítimo de Algés, e nas últimas edições tem vindo a comprovar o motivo de ser um dos melhores festivais do nosso país, tendo ganho uma vasta reputação lá fora. No próximo ano não se espera menos, e a julgar pelos nomes já avançados (The Black Keys, Arctic Monkeys, etc.) é, sem dúvida, um festival a não perder. 
Mais a norte, embora o Optimus Primavera Sound conte apenas  com duas edições, já ganhou lugar de destaque no roteiro dos festivaleiros que apreciem os sons mais alternativos. Para a edição de 2014 o primeiro nome anunciado foi dos Pixies, que passaram há pouco tempo por cá.  Rumando em direcção à praia fluvial do Taboão, o Festival Paredes de Coura aposta nos sons mais rockeiros, sendo a primeira confirmação exemplo disso mesmo, os escoceses Franz Ferdinand. Em Vilar de Mouros este ano a música está de regresso para agitar as terras do Minho, mas ainda não há nomes anunciados para o cartaz do próximo ano. Outros festivais que ainda não anunciaram cabeças de cartazes são o MEO Sudoeste e o Super Bock Super Rock, mas cujos bilhetes e packs fãs já se encontram à venda. "Quem gosta de ir, gosta mesmo", é, talvez, o mote, da organização.

Aqui ficam então, bem arrumadinhos os cartazes até à data:

ROCK IN RIO LISBOA 
23, 25, 30 e 31 de maio e 1 de junho 
Parque da Bela Vista, Lisboa 
Bilhete diário: 61 euros 

25 de maio: Robbie Williams 
1 de junho: Justin Timberlake 
31 de maio: Arcade Fire 

OPTIMUS ALIVE'14 
Passeio Marítimo de Algés 
10, 11 e 12 de julho 
Bilhete diário: 53 euros 
Passe de três dias: 105 euros 

10 de julho  
Arctic Monkeys (Palco Optimus)  
Lumineers (Palco Optimus) 
Imagine Dragons (Palco Heineken)  

11 de julho 
The Black Keys (Palco Optimus) 
MGMT (Palco Optimus) 
Caribou (Palco Heineken) 
Poliça (Palco Heineken) 

12 de julho 
Chet Faker (Palco Heineken) 

MEO SUDOESTE 
De 6 a 10 de agosto 
Passe (preço promocional, até 31 de dezembro): Fã Pack FNAC Meo Sudoeste, por 80 euros 
Bilhete diário: 48 euros 
OPTIMUS PRIMAVERA SOUND 
Parque da Cidade, Porto 
5, 6 e 7 de junho 
Passe: 90 euros 

6 de junho: Pixies 


SUPER BOCK SUPER ROCK  
Herdade do Cabeço da Flauta, no Meco 
17, 18 e 19 de julho 
Passe: 70 euros até dia 31 de dezembro 
Bilhetes diários: 48 euros 

MEO MARÉS VIVAS
Cabedelo em Vila Nova de Gaia
17, 18 e 19 de julho 
Passe VIP: 125 euros
Passe: 50 euros 
Bilhetes diários: 30 euros 


17 de julho: Prodigy
18 de julho: Skrillex

VILAR DE MOUROS 
De 30 de julho a 2 de agosto 

Cerimónia de abertura: Maestro Rui Massena 

VODAFONE PAREDES DE COURA 
De 20 a 23 de agosto 

21 de agosto: Franz Ferdinand 
Passe (preço promocional): 70 euros

 
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Os escoceses Franz Ferdinand são a primeira confirmação da edição de 2014 do Vodafone Paredes de Coura. A banda de Alex Kapranos, vencedora de um Mercury Music Prize em 2004, actua a 21 de Agosto e na bagagem trazem o quarto álbum de originais editado este ano, Right Thoughts, Right Words, Right Actions.

Vodafone Paredes de Coura regressa à Praia Fluvial do Taboão de e 20 a 23 de Agosto, para uma semana de férias, em comunhão com a música e a natureza. 


 
O duo de irmãos noruegueses Ylvis são conhecidos no seu país por apresentarem um dos talk-shows com maior sucesso de audiência. O sentido de humor da dupla levou-os a gravar um tema para um sketch do programa. Em poucos meses The Fox, tornou-se no vídeo mais visto do YouTube, tendo escalado a nível global e passado até em canais televisivos musicais, como é o caso da VH1.
Mas não só de animais vivem os temas desta dupla. Se dispusermos de algum tempo para pesquisa, iremos encontrar outras músicas que fazem as delícias dos ouvintes. Sempre com letras rebuscadas, os temas dos Ylvis percorrem o mais diversos estilos musicais para agradarem a todos os fãs. Ora vejam lá se não é verdade.

 
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São jovens, são canadianos e têm um som que mistura o pop, o rock, o reggae e o hip hop. À partida pode parecer uma receita já vista, mas depois de escutarmos o trabalho musical deste quarteto, ficamos com vontade de ouvir mais. A música é alegre, refrescante e a cheirar a Verão. 
Em Setembro lançaram o primeiro álbum, Mission For Loveque pode ser descarregado gratuitamente no site da banda. Este registo conta com nove temas, que podem ser ouvidos abaixo.


Recentemente gravaram uma espécie de tributo aos Daft Punk, em formato de medley. Aqui fica o vídeo.

 

esta entrevista foi publicada originalmente a 12/03/2013

‘And so the trip starts, and as I’m sitting half awake half asleep’      (‘The Trip’ – Yesterday)
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Yesterday é o projecto a solo de Pedro Augusto, músico de Leiria. Desde 2001 que toca e compõe o seu trabalho em casa, no sótão, como gosta de lhe chamar. Conta com quatro álbuns que nunca viram a luz do dia Warning (2001), Once Upon a Forest (2002), Colder Hands (2004) e Eu Já Cá Estive Antes (2009). A divulgação da sua música tomou contornos mais sérios em 2006 quando arrebatou o primeiro lugar do Festival Termómetro. Desde então deu alguns concertos e compôs um álbum com a intenção de ser editado. You Are The Harvest  tem dois anos, mas só recentemente teve algum reconhecimento, foi um dos vencedores da Mostra Nacional de Jovens Criadores 2012, e o tema The Movement integra a colectânea Novos Talentos Fnac. Ainda assim, só no início deste ano é que foi lançado digitalmente através da Mimi Records. Pedro explica-nos porquê, numa entrevista concedida em formato de conversa informal.

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Após a gravação deste álbum, há dois anos, comecei a dar concertos, enviei o disco para rádios, para editoras, criei o blog, tentei manter o contacto com as pessoas da área, mas não deu em nada. Depois de dois anos a dar concertos, cansei-me. Claro que gostava de ter o meu álbum editado num formato físico, mas não aspirando a vendas ou a fazer dinheiro, apenas para ter a sensação que consegui fazer algo. Depois um amigo falou-me da Mimi Records e fui contactado pela editora. Dei-lhes o álbum e disse que podiam fazer o que quisessem com o mesmo.
Depois de dois anos a tentar promovê-lo estou cansado, até das músicas. É como se estivesse a tentar vender uma coisa que nunca foi feita para ser vendida. Entusiasmo-me em saber que até pode haver alguém que possa gostar das minhas músicas e ouvi-las. Mas é mais como dar a conhecer a alguém alguma coisa de que eu gosto muito e tentar perceber se essa pessoa também gosta muito. Na realidade não tenho interesse nenhum em ter um maior número de fãs ou ter oportunidade de ter muitos concertos. Nunca irei fazer música ou dar um concerto por causa do dinheiro, como se fosse um trabalho. Mas fiz este álbum, e pensei ‘vai ter algum tipo de lançamento, não vai ser pela minha mão ou pela mão de uma produtora grande’, foi através da Mimi.


You Are The Harvest pode ser descarregado gratuitamente através do site da Mimi Records, e conta com dois vídeos para os temas The Movement e o homónimo You Are The HarvestO objectivo dos vídeos não foi divulgar a música ou o álbum. Achei bonito encontrar imagens para aquelas músicas. Fui ao Internet Archive e comecei a selecionar vídeos e imagens da década de 40. Não foi para ser um videoclip nem para vender o disco. Vai no mesmo seguimento das músicas. Quando crias uma música, em primeiro lugar crias para ti. Há quem me acuse de ser egocêntrico e não pensar no que as outras pessoas querem ouvir, mas tu não fazes música a pensar noutras pessoas. A música existe independentemente de alguém a ouvir ou não. Eu faço a música de que gosto e que me reenvia para as imagens e sentimentos que tinha quando fiz aquela música, e quero reviver non-stop aquilo que estiver a tocar na minha cabeça. Nos dias em que estou em sintonia com o dia em que fiz aquela música, sou capaz de ouvi-las muitas vezes, ouvir uma coisa que pus cá para fora.

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Pedro está a trabalhar no novo álbum e já tem dois temas gravados. Em conversa explicou-nos como é para si o processo criativo da construção de um álbum, partindo do zero. O álbum já está alinhavado, mas antes de compor pensas ‘como é que do zero vou gravar qualquer coisa’, é como ter uma parede em branco e pensar em como fazer o primeiro risco. Mas depois de ser feito o primeiro risco, começa a vir tudo. Para este álbum tenho duas músicas gravadas e mais nove ou dez que irei incluir, é só predispor-me a fazer esse primeiro risco em cada uma. O álbum foi crescendo e sei que está pronto na minha cabeça e consigo ouvir todos os instrumentos das músicas separadamente. Não é um esforço. É como estar a ouvir um som e vir à tua memória outro som, e associas a outro tipo de som e começas a construir melodias na tua cabeça, e a partir daquela memória vem tudo… Às vezes não é uma música inteira é só um trecho ou um movimento, quase. E o teu esforço no final é capturar esse movimento, construir a música e gravá-la. E depois queres ouvir o que fizeste. E o teu esforço está nessa tentativa de saberes se aquilo que estás a fazer é autêntico.
Mas nem sempre é assim. Para o outro álbum não tinha ideia nenhuma, mas tinha uma data limite para terminá-lo e todos os dias trabalhava em músicas e sons que me dissessem alguma coisa, e trabalhei neles até que fizessem sentido. Às vezes não é estares à espera que a música venha ao teu encontro, mas ires tu ao encontro da música. É por isso que You Are The Harvest é mais electrónico. Foi fazer experiências e ver se gostava do ritmo. Este novo álbum irá passar mais pela guitarra.

Além da melodia, as letras são também uma componente importante na música de Yesterday, não tanto pelo seu significado, mas pelo seu som. Quando construo uma música às vezes há palavras que estão na minha cabeça como satélite, e então já sei que essas palavras têm alguma coisa a ver com aqueles sons. E às vezes nem é propriamente aquilo que estou a dizer, mas o som que entoo. Quando estou a cantar uma música que está na minha cabeça penso em como é que os sons que a minha boca faz podem entoar essa melodia. E as palavras que digo são uma tentativa de aproximação a esses sons. Por vezes essas palavras têm a ver com aquilo que estou a sentir, mas às vezes não… é só o som. Às vezes são palavras que estão espalhadas e vou à procura de ficheiros onde escrevi. Por exemplo se estou a ver um filme e fica uma frase na minha cabeça aponto. Se tenho uma frase na cabeça que ouvi tenho de usá-la e no final acaba tudo por fazer sentido. O título do álbum anterior, You Are The Harvest, é um exemplo disso. Partiu de uma brincadeira, andava com o som PJ Harvey e da maneira em como ela dizia Harvey, e saiu Harvest… e depois percebi que a palavra dizia tudo, e foi assim que foi escrito.
You Are The Harvest é um álbum melodioso em que a pop sonhadora, de cariz mais electrónica, funde-se com a magia e o mistério de um lugar desconhecido. Ouvir este disco de uma ponta a outra é como fazer uma viagem até a um mundo encantado, onde os temas e as melodias se ligam numa espécie de um relato de uma história que se está a construir. Tendo sido ou não para ser vendido, certo é que You Are The Harvest é um dos álbuns mais bonitos e intensos que surgiram nos últimos anos no panorama musical. É certamente um álbum para ouvir e explorar. Relembramos que este registo pode ser descarregado gratuitamente, e que podem seguir de perto o projecto Yesterday através do blog do músico.